
As denúncias que surgiram a partir de uma investigação exclusiva do Diário do Nordeste sobre o beneficiamento de casas para famílias do Conjunto São Bernardo, na Serrinha, para ex-funcionários e partidários da última gestão da Prefeitura de Fortalezacomeçam a ser investigadas pelo Ministério Público do Ceará. A Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) fez um relatório e identificou as irregularidades apontadas na matéria e ainda mostra outros possíveis problemas.
De acordo com o relatório, 29 pessoas das 80 que ganharam casas no condomínio, são diretamente ligadas à antiga gestão da Prefeitura de Fortaleza. Destas, 13 eram filiadas ao Partido dos Trabalhadores (PT). A investigação apontou ainda a vinculação dos beneficiados com funcionários da própria Habitafor.
O relatório conclui que 32% das unidades foram entregues a pessoas com ligação direta e indireta com a Habitafor. Ainda segundo o documento, apenas um envolvido declarou ser vinculado a algum partido político. No entanto, 13 pessoas foram listadas. Além disso, é citado que o serviço social do órgão não fazia análise socioeconômica das famílias a serem beneficiadas, tão somente após a aprovação das listagem pela Caixa Econômica Federal.
O documento também sugere que seja criado um programa de informática para inserção de cadastro no Programa Minha Casa Minha Vida, de forma que não seja possível alteração "em relação a certos dados". Além disso, o relatório recomenda a criação de comissão para avaliar a concessão de unidade do Minha Casa Minha Vida, após análise socioeconômica.
Procurado pela reportagem, o presidente da Habitafor na última gestão, Roberto Gomes, disse que não recebeu oficialmente o relatório e que, a partir disso, vai se pronunciar e formular a defesa. Segundo Gomes, todas as familias beneficiadas eram cadastradas e estavam dentro dos critérios do Minha Casa Minha Vida. Sobre o beneficiamento de parentes ligados à Habitafor foi enfático: "todo terceirizado da Prefeitura não está excluído ou incluído automaticamente. Não há critério de inclusão ou exclusão de pessoas de partidos políticos", conta.
Para Gomes, há um universo muito grande de beneficiados em todos os programas da Habitafor. Sobre a falta de análise socioeconômica disse desconhecer o que estava escrito no documento. "A informação que tenho é que as famílias passavam por análise. Esses dados faziam parte do dossiê que era encaminhado para a Caixa", disse.
São citados no relatório como beneficiados:
- 2 motoristas da Prefeitura de Fortaleza
- 3 ex-motoristas da Habitafor
- 4 servidoras municipais
- 3 ex-servidoras da Habitafor
- 2 esposas de ex-assessores da presidência da Habitafor
- Servidora da Câmara Municipal
- Cunhada de uma funcionária da Habitafor
- Ex-servidor municipal
- Assessor comunitário da Habitafor
- Mãe de um ex-assessor comunitário da Habitafor
- Servidor da Habitafor
- Terceirizada da Prefeitura de Fortaleza
- Tio de uma assistente social da Habitafor
- Cunhada de um beneficiado no mesmo condomínio
- Diretor sindical
- Esposa de motorista da Habitafor
- Mãe de motorista da Habitafor
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