A estiagem deste ano no Ceará não atinge apenas os municípios do Interior. Em Fortaleza, além do abastecimento precário, os riachos também sofrem o impacto da falta de chuvas. Diante da carência hídrica, o lixo e a poluição pluvial ficam mais aparentes. Nas margens dos riachos Pajeú, Maceió e Parreão, principais afluentes que cortam a cidade, é possível encontrar toneladas de lixo e esgotos a céu aberto. A sensação é de abandono.
A situação dos mananciais que percorrem a cidade é precária. O Riacho Pajeú, por exemplo, localizado no Centro, sofre com a poluição e a falta de chuvas. As ligações clandestinas de esgoto são um dos principais problemas FOTO: MARÍLIA CAMELONo Riacho Pajeú, na Rua 25 de Março, no Centro da cidade, é possível ver uma grande quantidade de lixo, dezenas de sacos plásticos e latinhas de refrigerante. A mesma sujeira é percebida no Riacho Maceió, no Mucuripe. Já no Parreão, localizado entre as avenidas Eduardo Girão e Borges de Melo, a estiagem deixa aparente a lama e utensílios jogados pela população.
O titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Controle Urbano (Semam), Adalberto Alencar, afirma que a poluição nesses mananciais começa na nascente, chegando a Fortaleza pelo decorrer do leito. Segundo o gestor, o que parece ser consequência apenas da ausência de chuvas não é, pois, há anos, os riachos estão sendo degradados, fragilizados e extremamente ameaçados. "Parte deles foi obstruída por conta das ocupações irregulares e isso prejudica o percurso natural", diz.
De acordo com o secretário, a ocupação indevida às margens dos riachos gera ligações irregulares de esgoto, que desembocam nos afluentes. Ele explica, ainda, que a estiagem faz com que os riachos fiquem mais assoreados, ou seja, com menor acúmulo de água. Por isso, a sujeira fica mais aparente. "Se o leito tivesse normalizado, ele teria mais resistência quando viesse a seca. Uma ação lá em cima prejudica um riacho perto da praia", destaca.
Monitoramento
Entretanto, Adalberto Alencar afirma que a Semam, em parceria com a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), realiza o monitoramento diário das ligações clandestinas. Já a limpeza dos riachos, conforme ele, fica por conta das Secretarias Executivas Regionais (SERs). De acordo com dados da Semam, o monitoramento feito no Riacho Pajeú, entre os anos de 2011 e 2012, gerou 1.002 vistorias de imóveis e 16 autuações por ligações clandestinas de esgoto.
O mesmo trabalho foi feito no Riacho Maceió, entre os bairros Varjota e Mucuripe. Foram 3.256 visitas a imóveis, sendo 44 autuados. A Semam não soube informar a quantidade de vistorias nem autuações no Riacho Parreão. Segundo a SER II, a limpeza do Riacho Maceió é realizada mensalmente. O órgão informa que, em setembro, outubro e novembro, foram retiradas mais de 220 toneladas de lixo do manancial. A equipe responsável pela limpeza é formada por operários, além de veículos como retroescavadeiras e caçambas.
Resíduos
Entre os detritos, a equipe chegou a retirar sofás, cadeiras velhas e pneus. Além disso, segundo a SER II, a gestão municipal mantém um carro para a coleta de resíduos volumosos (móveis e eletrodomésticos, principalmente) que faz um rodízio semanal entre as regionais (uma semana uma), a fim de evitar que esse tipo de lixo vá para os canais e riachos.
De acordo com o Distrito de Meio Ambiente da Regional IV, no Riacho Parreão, a limpeza acontece a cada três meses. Na semana passada, o Riacho do Parque Parreão I recebeu ação.
Já a do Parreão II está suspensa devido a problemas na licitação com a empresa que perdeu e recorreu na Justiça. Na última limpeza, cerca de 12 toneladas de lixo, vegetação e entulhos foram retirados do Parreão I.
A Secretaria Executiva Regional do Centro (Sercefor) também informou que, a cada 15 dias, a manutenção e limpeza do Riacho Pajeú, no trecho entre as ruas 25 de Março e Pinto Madeira, são realizadas. Porém, o órgão não soube precisar a quantidade de lixo recolhido.
KARLA CAMILAREPÓRTER










