Milhares de famílias de Fortaleza aguardam unidades em construção nos conjuntos habitacionais para saírem de áreas de risco.No entanto, recentes ocupações em conjuntos ainda em obras podem resultar no atraso da entrega em, pelo menos, dois conjuntos da Capital, nos bairros Papicu e Barroso II.
As ocupações aconteceram nas duas últimas semanas e envolvem famílias em diferentes situações e com motivações distintas. No Barroso II, diversos blocos de apartamentos foram ocupados por pessoas das redondezas. Os atuais moradores, que chegaram no fim de outubro, comentam que os beneficiados – das comunidades Boa Vista e do Cal, do Jangurussu, entre outros – não querem o local, mas eles estão lá porque precisam da moradia. E querem regularizar a situação.
Kairon Bruno da Silva e a esposa Eliziane comentaram que não tinham mais condições de arcar com o aluguel. Priscila da Silveira morava na subida da rampa do Jangurussu com filho pequeno e alega nunca ter recebido o aluguel social prometido. Entre necessidades e pessoas que eles mesmos indicam terem ocupado sem precisar, as unidades já contam com móveis e cotidianos que vão se construindo sem saneamento, energia ou calçamento, pois o conjunto não foi terminado.
A comunidade do Pau Fininho, às margens da Lagoa do Papicu, também teve as unidades em obra avançada ocupadas. Na semana passada, 92 unidades do conjunto foram entregues a moradores da área pela Prefeitura. Pessoas que estão nos apartamentos e preferiram não se identificar comentaram que muitas famílias vieram de outras comunidades próximas (o que não os credencia aos apartamentos) e outros ocuparam com medo de não receber as casas prometidas. “A gente quer garantia de que seremos prioridade na entrega. E que será logo”, comentou uma das pessoas.
Prevenção e retomada
Atualmente, a Fundação de Desenvolvimento Habitacional de Fortaleza (Habitafor) possui 395 processos de retomada de unidades em andamento e já realizou 125 reintegrações. No caso das duas ocupações, a Prefeitura encaminhou os boletins de ocorrência à Procuradoria Geral do Município (PGM), que entrou com ação de reintegração e solicitação para uso policial nas desocupações.
O presidente da Habitafor, Roberto Gomes, indicou que são realizadas ações de prevenção, com o envolvimento da comunidade no acompanhamento da obra e uso de segurança privada. No entanto, em períodos pré e pós eleição, as ações, que ele reitera serem ilegais, aumentam: “Não havia motivo para a invasão (no Pau Fininho). A obra estava em andamento e avançada. Identificamos que a maioria não é da comunidade da Lagoa. Tem havido depredação e venda de imóvel”.
Anteriormente, a entrega das 228 unidades do conjunto seria no início do primeiro semestre de 2013. No conjunto no Barroso II, parte das unidades seria entregue ainda este ano e o restante, em fevereiro do ano que vem. Com as ocupações, os casos serão reavaliados e novos prazos devem surgir.
Fonte: jornal O Povo (Reportagem Samaisa dos Anjos)

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