segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Praças da Capital estão com obras inacabadas 11.11.2012

Com a proximidade do término da atual gestão, a população teme que essas melhorias não sejam finalizadas
Além de propiciar um espaço de lazer à população, as praças são ponto de encontro e despertam no cidadão o sentimento de pertença à cidade. Na Capital, no entanto, não é o que elas vêm representando para o fortalezense. Em grande parte, o cenário é de descaso e abandono. Mesmo as que passam por reformas encontram-se com prazo de entrega estourado, caminhando a passos lentos. Outras estão com as intervenções paradas.

Na Praia do Futuro, a comunidade perdeu a Praça 31 de Março, o único espaço de lazer que tinha, porque, em 2009, a Prefeitura autorizou ao Circo de Soleil usar o lugar, que foi danificado e permanece sem reparos até hoje FOTO: ALCIDES FREIRE

A proximidade do término da atual gestão municipal está deixando a população preocupada com o desfecho das obras em andamento. Muitos temem que essas intervenções não sejam finalizadas. Na Praia do Futuro, por exemplo, desde 2009, a comunidade perdeu o único espaço de lazer que tinha: a Praça 31 de Março.

Depois que o Cirque du Soleil (companhia circense do Canadá), em 2009, se instalou na praça, asfaltando o campo de futebol, derrubando árvores e retirando os quiosques, o local ficou subutilizado. Antes do início da reforma, em março de 2011, chegou a funcionar como estacionamento de ônibus e caminhões.

A massoterapêuta Fabiana Costa, 18 anos, comenta que há mais de um ano a praça está fechada. Inicialmente, diz que ainda se viam operários trabalhando, mas, há algum tempo, está tudo parado. "É uma obra que já deveria ter terminado há muito tempo. A Praia do Futuro é um ponto turístico, mas de noite fica deserta. Essa praça daria uma movimentação a mais para o bairro", defende.

Descaso
No bairro Meireles, área nobre da Capital, outra intervenção está tirando o sossego dos moradores. Trata-se da reforma na Praça Dr. Moreira de Sousa, em frente ao Náutico Atlético Cearense. Um mototaxista que há 17 anos trabalha na área relata que a obra começou há cerca de um ano e meio. Mas, desde o início de novembro, está parada. Até o maquinário foi retirado do local e os operários não mais apareceram, relata.

"Ainda falta fazer um monte de coisas. A mangueira de aguar as plantas foi roubada. Está tudo seco, entregue às baratas. Retiraram até a placa. Sem falar que o serviço foi muito mal feito", declarou o mototaxista Antônio Jacinto, 57 anos. Conforme o frequentador, o prazo inicial para o término da obra era de seis meses. Um ano após, no entanto, ainda não foi finalizada.

No Centro da Cidade, duas intervenções estão em atraso. Apesar de ter sido liberada, a reforma na Praça do Carmo ainda está inacabada. Oficialmente, ela não foi inaugurada. A placa da obra continua fixada no logradouro, apontando a data de início das intervenções: junho do ano passado, com prazo para término em cinco meses. Um ano e quatro meses depois, porém, alguns acabamentos ainda precisam ser feitos.

Apesar de a placa indicar que o custo da obra foi de R$ 409,6 mil, conforme a Prefeitura, o gasto total foi de R$ 610 mil, sendo R$ 493,1 da União e R$ 116,9 de contrapartida do Município. "Onde foi gasto R$ 400 mil aqui?", questiona o mototaxista Ricardo Pinto, 45 anos. Bastou ele ver a equipe de reportagem para, de prontidão, começar a relatar o seu descontentamento.

O mototaxista reclama que ao invés de comprar bancos novos, apenas restauraram os antigos. O paisagismo também não foi feito. Em vez disso, gramas foram plantadas. O piso afirma ser de péssima qualidade. Prova disso é que em vários pontos pode-se observar os sinais de desgaste e degradação.

Outra falha que aponta são as bancas de revistas fixadas em cima da guia para deficientes visuais. "A má qualidade do serviço é clara. São falhas e mais falhas. Cadê os fiscais da Prefeitura que não estavam aqui para ver isso?", indaga Ricardo.

Morosidade
Situação delicada também vive a Praça da Lagoinha. Comerciantes afirmam que, desde abril do ano passado, ou seja, há um ano e sete meses, a Prefeitura cercou o logradouro com tapumes e transferiu os vendedores ambulantes para a Praça da Estação, onde permanecem até hoje. O comerciante José Bernardino de Paula, 43 anos, que há 27 trabalha no local, conta que o prazo inicial para término da obra era de nove meses. Prazo estourado em dez meses.

Impaciente, ele diz não entender o motivo da lentidão da reforma. José Bernardino conta que, inicialmente, as intervenções ocorreram com um número reduzido de trabalhadores. Agora, trabalham dia e noite para entregar no novo prazo estabelecido: dezembro deste ano. Descrente, ele não acredita que o restauro seja finalizado ainda nesta gestão. "Estamos esperançosos com o novo prefeito, ele prometeu fazer um camelódromo no Centro. Vamos esperar para ver se vai realmente cumprir", frisa.

PROTAGONISTA
Vendedor ainda aguarda a Praça da Lagoinha
Com uma banca instalada de forma improvisada na Rua Guilherme Rocha, o vendedor ambulante Edson Carlos, 36 anos, comenta que a Praça da Lagoinha passou em torno de um ano cercada por tapumes, sem que nada fosse feito. Somente em julho deste ano, as obras começaram, com prazo para término em 90 dias.

Apesar do atraso, o vendedor afirma que não adianta liberar a praça antes da inauguração do metrô. Caso contrário, o local voltará a ser ocupado por usuários de drogas. Mesmo em ritmo acelerado, o comerciante não acredita que a atual gestão municipal consiga finalizar a obra até o final do ano.

Edson Carlos - Ambulante
Prefeitura cita impasses em todas os serviços
Obras em atraso, inacabadas e até abandonadas. É este o cenário de praças da Capital que passam por reforma. A Prefeitura, no entanto, garante que as obras serão finalizadas. No caso da Praça 31 de Março, a Coordenadoria de Projetos Especiais, Relações Institucionais e Internacionais (Cooperii) informa que a intervenção está parada desde julho deste ano.

O impasse, segundo a Cooperii, ocorreu por causa da suspensão do repasse dos recursos por parte do Ministério do Turismo (MTur). Em nota, o ministério esclarece que os recursos estão temporariamente bloqueados devido ao pedido de aditivo financeiro apresentado pela Prefeitura. A solicitação, feita antes do repasse da segunda parcela de custeio da obra, foi negada pelo MTur, com base na súmula 261 do Tribunal de Contas da União (TCU) - que proíbe a revisão do projeto básico ou a elaboração de projeto executivo que transfigure o contrato original.

A segunda parcela, no valor de R$ 1.750.849,69, foi empenhada em 22 de junho de 2011. O ministério acrescenta que o pagamento será desbloqueado logo após a conclusão da análise técnica e aprovação da nova documentação enviada pela Prefeitura ao MTur, o que não tem prazo para acontecer. Apenas uma parcela foi paga, no mesmo valor da segunda. Ainda assim, a Prefeitura diz que 65% dos serviços foram executados.

Em relação ao acordo feito entre o Cirque du Soleil e a Prefeitura, a Cooperii esclarece que a companhia circense se instalou na praça com apoio da gestão, através da Secretaria de Turismo de Fortaleza (Setfor). Em troca, os estudantes de escolas públicas do município teriam oportunidade de assistir, gratuitamente, ao espetáculo.

A Cooperii informa que, após concluída, a nova Praça do Futuro contará com dois campos de futebol, quatro quadras de vôlei de praia, duas quadras poliesportivas, ciclovias, pista de cooper, área de lazer para crianças, dentre outros espaços. O investimento total é de R$ 5,5 milhões.

Impasses
Na Praça Dr. Moreira de Sousa, em frente ao Náutico Atlético Cearense, a SER II informa que a ordem de serviço foi dada em junho do ano passado. Dentre os problemas que atrasam a obra, a Regional aponta que está o rompimento com a empresa contratada por não estar cumprindo os prazos e nem o padrão de qualidade exigido pela Prefeitura. Somente após o trâmite para contratação de uma nova empresa é que as intervenções foram retomadas, em abril, com prazo de oito meses. O órgão afirma que 66% da obra está concluída e o custo total foi de R$ 84 mil.

Em relação aos entraves na Praça do Carmo, a Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza (Sercefor) explica que as intervenções estão praticamente finalizadas e que faltam alguns acabamentos.

Em relação à Praça da Lagoinha, a Sercefor diz que o local foi isolado no início deste ano, no mesmo período em que os feirantes foram transferidos para a Praça da Estação.

A Sercefor assegura que os feirantes que se encontram na Praça da Estação ganharão espaço em shoppings populares, encaminhados pelas Parcerias Público-Privadas (PPPs). Para reforma da Praça da Lagoinha, a Prefeitura investiu R$ 432 mil. O órgão diz que 80% dos serviços foram executados e que a previsão de entrega é em dezembro.

LUANA LIMAREPÓRTER 

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