domingo, 29 de julho de 2012

A Fortaleza que os governos não enxergam

O POVO mapeou áreas mais carentes de Fortaleza 
 
 Governo após governo, eleição após a outra, nada muda para a parcela mais miserável de Fortaleza. Com base em índices oficiais, O POVO mapeou as áreas mais abandonadas da Capital e mostra a vida dos esquecidos pelos políticos
 
 
 

Saem governantes, elegem-se outros e nada muda para uma parte de Fortaleza que vive praticamente esquecida pelo poder público. São recantos de miséria onde Prefeitura e Governo do Estado, ao longo das sucessivas gestões, parecem não ter chegado. O resultado do abandono é visto na ausência de serviços básicos. Imagine, leitor, que na segunda capital mais rica do Nordeste, ainda há gente que depende de carro pipa ou da chuva para ter acesso à água.

O dado, de 2010, é divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Um passeio pelas tabelas do órgão revela que por mais que o discurso político tenha como alvo as famílias mais pobres, ainda restam espaços desassistidos pelo Estado, por inúmeros motivos – alguns pertinentes, outros dignos de revolta.

Mesmo em bairros que gozam de infraestrutura, há comunidades que sucumbem. No recentemente requalificado Pirambu, por exemplo, 102 domicílios não possuem energia elétrica, conforme aponta o IBGE. Na Granja Portugal, 106 casas estão nessa situação.

E o que dizer da falta de banheiros, instalações necessárias à higiene e que, aparentemente, toda residência da Capital possui? Os números, também referentes a 2010, são de causar perplexidade: no bairro Siqueira, 147 casas não têm sanitário. Na Granja Portugal, são 125 residências sem banheiro. No Genibaú, 114. As necessidades são feitas no solo, em rios ou lagos, abrindo margem para poluição e doenças.

O POVO levanta o debate sobre a Fortaleza vulnerável justamente no período eleitoral, para mostrar que, com o passar dos anos, mesmo com a série de comícios, passeatas, discursos e pedidos de voto, a classe política acabou deixando escapar de seus cuidados parcela considerável da cidade – que não é a maioria da população, mas que nem por isso deve deixar de ser levada em conta.

Embora, pela atual conjuntura, a responsabilidade recaia sobre a administração em curso, observa-se que algumas situações têm origem em um passado bem distante. Nas próximas páginas, O POVO mostra alguns detalhes sobre essa Fortaleza dos esquecidos, com os possíveis motivos que levaram à situação e as expectativas de superação dos rincões de pobreza que coexistem com o luxo da Capital.

"São recantos de miséria onde Prefeitura e Governo do Estado, ao longo das sucessivas gestões, parecem não ter chegado

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