terça-feira, 3 de julho de 2012

IMPROVISO: HOSPITAL DA MULHER INICIA ATENDIMENTO MESMO COM OBRA INACABADA E SEM DATA PARA INAUGURAÇÃO




No primeiro dia de atendimento, a auxiliar administrativa Míriam Arruda Maciel foi a primeira a ser consultada na nova estrutura, que está gradualmente funcionando, atendendo apenas consultas pré-agendadas FOTO: KID JÚNIOR

Para a Prefeitura de Fortaleza, o momento, ontem à tarde, era de início dos atendimentos, mas o Hospital da Mulher ainda parecia um canteiro de obras: máquinas trabalhando, improviso e barulheira, enquanto as primeiras 60 mulheres eram recebidas para as consultas inaugurais do tão esperado equipamento público, commais de quatro anos em obras. As pacientes foram atendidas nas especialidades de ginecologia-obstetrícia, ortopedia, reumatologia e cirurgia vascular.
Apesar desse momento de abertura,ainda não há, no entanto, uma data certa para a inauguração formal da unidade. O clima, ontem, era de tranquilidade, sem filas de espera, sem brigas por senha. Tudo bem ordenado, ensaiado para atender, com qualidade, todas as pacientes.
Primeira a ser consultada, a auxiliar administrativa, Míriam Arruda Maciel, 56, ficou surpresa com a beleza do local, mas cobra que toda essa qualidade exibida ontem se mantenha com o tempo. “Quero ver se o serviço vai continuar bom com os corredores e leitos lotados”, indaga.
Ainda sem os leitos e os centros cirúrgicos em funcionamento, a titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Fortaleza, Ana Maria Fontenele, chamou o momento de teste.
“Foi o primeiro dia e tivemos, sim, que testar o hospital, pois ele é uma obra grande e bem complexa. Estamos abrindo os serviços paulatinamente, ainda gradualmente”, relata a titular da SMS.
Sobre os prazos para uma operacionalização total desse equipamento, Ana Maria prometeu, até o fim deste mês, que todas as 16 especialidades e consultas estarão sendo cobertas, funcionando em “pleno vapor”.
Esse período de julho seria, segundo ela, para o avanço na regulação de consultas, últimos ajustes. As cirurgias eletivas só deverão acontecerão em agosto.
Retaguarda
Com o objetivo de tentar diminuir a superlotação do Instituto Doutor José Frota (IJF), o Hospital da Mulher dará suporte à unidade de emergência, realizando parte das cirurgias do “Frotão” nos leitos femininos disponíveis. “Teremos 40 vagas de retaguarda para ajudar o IJF, mas só faremos cirurgias eletivas, aquelas previstas após consultas. Não seremos uma unidade de emergência, de portas abertas”, diz.
Até o momento, a Prefeitura de Fortaleza já gastou cerca de R$ 88 milhões, sendo R$ 78 milhões exclusivos dos cofres municipais, o que representa 82%. Questionada sobre qual era o sentimento de estar abrindo as portas da unidade para a população após tantos anos de espera, Ana Maria preferiu dizer que estava sendo regida pelo estresse.
“A responsabilidade em cima de mim é imensa, grande. Esse é um projeto muito identificado com a prefeita e somos todos cobrados, sofremos muita pressão. O estresse seria por conta da responsabilidade de ter que dar uma resposta à população”, desabafa a secretária de Saúde.
E não faltam, mesmo, motivos para tamanha ansiedade das mulheres. Na tentativa de achar consulta para a mãe idosa, a doméstica Edvânia Alves, 39, vem, há seis meses, peregrinando na busca por um médico ortopedista. “Até que enfim conseguimos consultas aqui no Hospital da Mulher. O povo não aguenta mais ficar sofrendo, mendigando atenção e atendimento de qualidade pela cidade“, reclama Edvânia. Para ela, a inauguração desse equipamento não devia ser vista como uma festa, um evento político apenas, mas como uma obrigação urgente do gestor público“Não tem hoje um pobre que não sofra em filas e corredores. Pior quando é mulher”, finaliza.
O Hospital da Mulher terá uma equipe de 124 médicos, 72 enfermeiros e 162 auxiliares e não irá tratar de atendimentos de emergência. Ao todo, serão quatro blocos. No primeiro, funcionará a administração, consultórios, centro de imagens, laboratórios, pronto-atendimento e centro de parto. Nos demais, haverá enfermarias, farmácia, almoxarifado, necrotério, salas de oficina e manutenção. A unidade pública está construída em um terreno de 70 mil metros quadrados no bairro Joquéi Clube.
Fonte: jornal Diário do Nordeste (Reportagem Ivna Girão

Nenhum comentário:

Postar um comentário