sábado, 28 de julho de 2012

Por uma efetiva mobilidade urbana

Em artigo no O POVO deste sábado (28), a arquiteta e urbanista, professora e pesquisadora da Universidade de Fortaleza, Fernanda Rocha, comenta a “falta de acesso ao transporte público, de fluidez e segurança na circulação de pedestres, ciclistas e veículos, e de liberdade na escolha do modo de locomoção”. Confira:
Considerando-se a sensível precariedade das condições atuais de mobilidade urbana na cidade de Fortaleza, faz-se imperativo o debate acerca do seu caráter essencial, e das implicações dela decorrentes na qualidade de vida de todos os cidadãos fortalezenses.
Posto em relevo que a mobilidade vai além da visão corrente de mero deslocamento, deve-se compreendê-la, a partir das ideias do geógrafo Jacques Lévy, como a relação social ligada à possibilidade da mudança de lugar, reforçando ainda mais a imprescindibilidade de uma atenção redobrada em sua abordagem, dado que se trata de um conjunto complexo, envolvendo diferentes atores, atividades, escalas, espaços, modalidades, tempos, entre outros.
 http://blog.opovo.com.br/blogdoeliomar/por-uma-efetiva-mobilidade-urbana/

Ainda assim, poderíamos elevar qualitativamente os indicadores da mobilidade urbana em Fortaleza se nos fosse pelo menos garantida a efetividade do Plano Diretor Participativo (PDP For), em vigor desde 2009, no qual a acessibilidade e a mobilidade estão elencados dentre seus objetivos. Um capítulo específico é destinado a tratar da política de mobilidade urbana na Cidade, organizado em seis seções, versando mesmo que de maneira menos abrangente, de alguns de seus componentes: acessibilidade, sistemas de circulação, viário e de transportes. Ali já estava previsto um prazo de dois anos para elaboração e implementação do Plano Diretor de Mobilidade Urbana de Fortaleza, do qual até hoje, só se ouvem promessas.
Enquanto isto, vivenciamos no cotidiano a falta de acesso ao transporte público, de fluidez e segurança na circulação de pedestres, ciclistas e veículos, e de liberdade na escolha do modo de locomoção, apenas para citar alguns dos problemas relacionados à questão da mobilidade urbana.
Resta então, a nós cidadãos, certa sensação de descrédito nas ações dos gestores públicos, especialmente quando somos impactados a todo o instante por diversas obras de infraestrutura viária, sem sabermos ao certo como se relacionam ou se foram planejadas considerando perspectivas futuras, a partir de visões estratégicas e integradas aos demais componentes deste grande sistema que é a cidade.
Torna-se necessária uma cobrança enfática, principalmente no momento em que o período eleitoral se aproxima, para que os candidatos a futuros gestores assumam compromissos no sentido de garantir a efetivação desta política e de seus desdobramentos em planos e ações concretas, mas relacionadas, sob pena de que não estejamos novamente diante de mais uma “letra morta” a ilustrar o histórico de planejamento urbano, no qual as leis não se aplicam de fato. Ou será que ficaremos limitados a uma “deficiência cívica”, no dizer de Milton Santos, assistindo passivamente a deriva de uma cidade que se faz ao sabor de todo tipo de intempéries?
Acorda Fortaleza!

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