NÃO ESQUEÇAM !!!!!!!!!
10 de Março de 2011 - 8h39

No foto acima o terreno de 10 mil m2, que foi inteiramente
desmatado - foto abaixo - em poucos dias e com autorização da Prefeitura
de Fortaleza.
Uma grande polêmica se estabeleceu em Fortaleza por conta de
um desmatamento, realizado às pressas, num terreno que pertencia ao
ex-senador tucano Tasso Jereissati e que foi vendido ao empresário Beto
Studart. O "supressão de todas as árvores" tem autorização da
Prefeitura, mas o Secretário Municipal de Meio Ambiente afirma que
somente tomou conhecimento após o fato consumado.
O desmatamento acelerado, em pleno
período de carnaval, de uma área de 10 mil metros quadrados gerou uma
grande polêmica em Fortaleza. No terreno, situado no cruzamento das
avenidas Santos Dumont e Senador Virgílio Távora, área nobre da capital
cearense, funcionava a holding das empresas do ex-senador tucano Tasso
Jereissati. O imóvel foi adquirido, há menos de um mês, pelo Grupo BS
Participações, do empresário Beto Studart, que ali pretende construir um
centro empresarial.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional II, o
órgão da Prefeitura de Fortaleza fiscalizou o imóvel na segunda-feira,
dia 28. Na ocasião foram apresentados o alvará de construção e a licença
ambiental, emitidos pela da Secretaria do Meio Ambiente e Controle
Urbano (Semam) autorizando a supressão de todas as árvores.
Em nota enviada à imprensa, o empresário Beto Studart afirma que estaria
negociando com a Prefeitura “compensações sociais” para o desmatamento,
dentre as quais “a adoção de uma praça da cidade, com escolha por parte
do município”. Informa ainda a nota que o grupo empresarial “já havia
se comprometido a plantar, por cada árvore tombada, 100 novas árvores em
Fortaleza”
Polêmica na internet
O episódio gerou grande polêmica na internet, principalmente nas redes
sociais e nos comentários da matéria na versão on line do jornal
O Povo sobre o assunto. Em geral os internautas criticam o desmatamento e a própria licença concedida pela Semam.
No site do jornal, o internauta Marcos declarou: “Só existe uma palavra
para isso: covardia !!!”. Já Francisco Carlos afirmou que “esta área
deveria ter sido desapropriada para construção de uma praça,
imprescindível para a área, conforme havia um projeto. Multa é muito
pouco para este dano irreparável”. Edson Nunes é enfático: “Os poderosos
mandam e desmandam”.
O internauta Ahildo tem uma interpretação para o fato: “Foram cortadas
no domingo para não atrapalhar o trânsito, os fiscais da Semam/Semace e o
Ministério Público, entende? A compensação será onde? Se fosse um
pescador construindo uma casinha ao lado do Rio Cocó tava lascado, pelo
cheiro, multa e cadeia, para criar marra e deixar de ser teimoso em
viver nesta cidade”.
Ainda no jornal, o internauta Rubinho fez uma previsão trágica: “E tomem
2 ou 3 prédios gigantes e uns 1.000 carros ou mais todo dia nessa área!
Nossa densidade populacional, que já é maior que a de São Paulo
capital, continua crescendo e a cidade, que não cresce na horizontal,
sufoca cada vez mais com a verticalização e o trânsito!
Reações no Facebook e no Twitter
No Facebook, a reação partiu dos arquitetos Sérgio Roberto Costa e
Antonio Laprovitera, que postaram em suas páginas do site de
relacionamento social a matéria do jornal
O Povo, seguida de
comentários. Costa postou o seguinte comentário: “O grupo Jereissati
mostra seu apreço pela cidade”. Laprovitera, que também postou fotos das
licenças da Prefeitura de Fortaleza, foi sintético: “Sem
comentários...”.
Já os amigos de ambos não foram nada econômicos nas críticas. Marcelo
Pontes fez os seguinte comentário: ”Não há planejamento urbano em nossa
cidade. Contudo, a PMF não dá conta nem do pouco que tem.... construíram
o tal Jardim Japonês, (obra sem sentido algum pra nossa cidade), não
preserva a Cidade da Criança, o Riacho Maceió, .... Fortaleza só tem
história nas fotos. Casas deveriam ser tombadas, prédios restaurados,
mas nada é feito...”.
Júlia Freitas critica os grandes empresários, insensíveis à preservação
ambiental: “Era do Tasso, mas foi comprada pelo Beto Studart em 2009.
Ambos responsáveis pelo crime contra a natureza. Já são milionários,
juntaram e juntarão mais alguns trocados, mas essa riqueza não vai
além-túmulo. E a natureza viva, essa sim, é um legado para toda a
humanidade. Inclusive para as gerações que virão de suas próprias
famílias. Sensibilidade e responsabilidade ambiental não estão no
vocabulário deles...”.
Já Fernanda Uchôa alerta para a função social da propriedade: “Não e
assim não!!! Desculpe-me, mas mesmo dentro de propriedade privada o
cidadão não pode fazer tudo o que quer. Há lei municipal sobre isso. E a
Constituição Federal prevê a função social da propriedade”. O próprio
Laprovitera faz uma sugestão: “Que tal se o terreno fosse decretado de
utilidade pública, desapropriado pelo preço avaliado do IPTU e
transformado em praça?”
No Twitter também houve protestos e uma tentativa de explicação do
Secretário de Meio Ambiente de Fortaleza, Deodato Ramalho. Para Hamilton
Nogueira, “Fortaleza já deu muito poder político e dinheiro ao Tasso.
Bem que ele poderia ter dado aquele quarteirão para Fortaleza fazer uma
praça”. Na opinião do ambientalista e vereador do PSOL, João Alfredo,
“foi um ato de ignorância, abuso, desrespeito e covardia essa derrubada
das árvores! Criminoso!”.
Também no microblog o arquiteto Antonio Laprovitera deixou sua sugestão :
“Que tal se o terreno fosse decretado de utilidade pública,
desapropriado pelo preço avaliado do IPTU e transformado em praça?”.
Como o fato aconteceu em Fortaleza, capital do Ceará, terra de muitos
humoristas, um tuiteiro repercutiu a gaiatice do Seu Manuel, jardineiro
que trabalhou nas proximidades do terreno desmatado, para quem a
derrubada das árvores aconteceu “"às escondidas, que nem fizeram no
Banco Central...".
Secretário sem informações
Surpreendentes, porém, foram as “tuitadas” do Secretário de Meio
Ambiente e Controle Urbano de Fortaleza, Deodato Ramalho, demonstrando
que não tinha informações sobre a tramitação do processo no órgão que
dirige. Por duas vezes isso fica muito claro. Na primeira Deodato
afirma: “Pela noticia o fato, possivelmente ilegal, ocorreu em pleno
feriado de carnaval. Amanhã #SEMAM fará vistoria no local”.
Mais adiante é preciso quanto ao dia em que tomou conhecimento do fato:
“Assim q tomei conhecimento (domingo) mandei #SEMAM verificar. Você acha
q temos como vigiar todo mundo 24h p dia?”. Mais adiante o secretário
responde ao vereador João Alfredo sobre a existência de autorização da
Semam em três tuitadas seguidas: “Deixei claro que não tinha a info
completa, como ainda não tenho. Agora dizer que a #SEMAM autorizou
devastação eu desconhecer q todo alvará, em área privada, tem os limites
postos na lei. O que não acho justo eh essa afirmação antes de saber os
dados do processo. Mandei a equipe da #SEMAM não tenho como saber, de
cor, sobre todos os processos”.
O episódio ainda deverá gerar muita polêmica na cidade ainda mais porque
envolve novamente o empresário e ex-senador tucano Tasso Jereissati,
que há alguns anos esteve envolvido noutro fato semelhante quando
construiu, também autorizado pela Semam, um centro empresarial na área
de preservação do Rio Cocó.
Outro fato que também tem sido lembrando é a aquisição, pela Prefeitura
de Fortaleza, da área conhecida como Campo do América, situada num
chamado bairro nobre da cidade, que pertencia ao INSS e onde o poder
público pretende construir um equipamento de esporte e lazer. Neste caso
houve uma mobilização social em favor da área que contou com o apoio
dos poderes públicos, o que não se viu no caso do desmatamento. A
prefeita Luizianne Lins, que acaba de cumprir dez dias de licença
médica, deverá ter muitas dores de cabeça com mais esta polêmica na
cidade que está sob sua responsabilidade.
Da redação local, com informações do jornal
O Povo