Rua Edilson Brasil Soárez, próximo à avenida Washington Soares, 7 horas da manhã, porta de entrada de uma grande escola de Fortaleza. Uma multidão de carros se aglomera com o objetivo de deixar crianças e adolescentes no primeiro dia de aula do semestre. Como a área de embarque e desembarque é usada irregularmente para estacionamento, pais e motoristas de transportes escolares param, sem demonstrar constrangimento algum, em fila dupla. Em alguns momentos, até tripla. Assim, o engarrafamento segue até a avenida. Durante os trinta minutos em que a equipe de reportagem esteve no local, pelo menos 40 infrações foram cometidas. A média é de 1,3 paradas sobre calçadas, conversões e estacionamentos proibidos e parada sobre a faixa de pedestre por minuto. Uma das mães, a comerciante Flávia Fernandes, 34 anos, disse que acha muito errado a parada de carros em locais proibidos. No entanto, ela afirma que não poderia prolongar a conversa porque havia deixado o veículo estacionado, justamente, em fila dupla. “O problema é que faltam opções para parar o carro e eu preciso acompanhar a entrada do meu filho, porque ele ainda é pequeno”, argumenta. O colégio promete uma reforma na área de embarque e desembarque.
A rampa para cadeirantes fica desobstruída pelos carros somente em raros momentos. Na pista, o profissional contratado pela escola para orientar a travessia na rua tinha dificuldade de coordenar a desobediência de motoristas. Muitos veículos são estacionados sobre a faixa.

“Alguns pais acham que basta ligar o pisca-alerta e tudo se resolve, que podem parar onde quiserem. Não é assim. Isso é um ato extremamente egoísta”, aponta o empresário Humberto Lima, 32. Todos os dias, ele vai deixar o filho João Victor, 4, na escola e deixa o carro parado numa rua transversal para não travar ainda mais o trânsito.
Em outra escola logo mais à frente, uma equipe da Divisão de Educação da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania (AMC) ajuda os pedestres na travessia da rua pela faixa e orienta os pais. Mesmo com o uso de um personagem, a Faixinha, muitos motoristas não se sensibilizam. Quando uma das educadoras pede, de forma educada, que o taxista não estacione sobre a faixa de pedestre, o taxista afirma que não há onde parar.
Geovana Brandão, chefe da Divisão de Educação da AMC, diz que o projeto Escola Cidadã já atendeu 60 colégios e deve percorrer, nas duas primeiras semanas de agosto, 10 estabelecimentos de ensino. “São sete profissionais que, a princípio, orientam os pais. No próximo momento, os agentes já devem autuar os infratores”, informa.
Falta de cidadania
Todos os motoristas sabem (ou deveriam saber) que o respeito às regras de trânsito é fundamental para o funcionamento do tráfego. Entretanto, boa parte dos condutores que passavam em frente à entrada de uma universidade parecia ter esquecido as regras mais simples. E cometiam as infrações mais frequentes entre as acompanhadas pela equipe do O POVO: paravam em filas duplas e sobre a faixa de pedestre.
“A prioridade é sempre do mais frágil, ou seja, do pedestre. Mesmo com a faixa para atravessar a rua, é difícil algum motorista parar”, reclama a assistente técnica Sheila Braga. “Será que tem jeito?”, questiona.
Fonte jornal O Povo (Reportagem Angélica Feitosa)