“Eu pagaria até o dobro da passagem, se tivesse um transporte de qualidade, sem demora, sem superlotação”,
comentou o internauta Daniel Soares, no O POVO Online. Joseton Santos
questionou: “Por que não colocam a obrigatoriedade de ônibus com
ar-condicionado? Não querem que a população deixe seu carro em casa e
ande de transporte público?”
As queixas dos passageiros de transporte público urbano em Fortaleza são recorrentes,
afinal, via de regra, os ônibus não satisfazem suas exigências. O
diretor técnico da Associação Nacional das Empresas de Transportes
Urbanos (NTU), André Dantas, admite que a oferta de coletivos com mais
qualidade atrairia novos usuários. No entanto, afirma que investimentos
maiores exigem subsídios – recursos financeiros diretos – dos entes
públicos.
“O problema do Brasil é que esse investimento é sempre feito com base
nos recursos coletados da tarifa, enquanto, no mundo todo, os subsídios
para o serviços essenciais são de 60% a 70% bancados pelo governo. Aqui
no Brasil, quem paga é o usuário, não é a sociedade como um todo”,
argumenta Dantas.
O diretor da NTU vai além e cobra desoneração total do setor de transporte urbano. “Cerca de 30% da tarifa é imposto em cadeia, desde o pneu até o salário dos motoristas.”
Cerca de 61% da população brasileira usa o transporte
público; 42% o utiliza como a mais recorrente forma de deslocamento de
casa à escola ou ao trabalho. O ônibus é o principal meio de transporte
para 34% das pessoas no País, seguido da caminhada (24%).
Somente 16% têm como principal forma de locomoção o automóvel. Os dados
foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em
agosto 2011.
O consultor da área de transporte de passageiros e carga, Mauri
Moreira de Oliveira, afirma que as empresas deveriam investir em ônibus
com câmbio automático, ar-condicionado, suspensão a ar e motor traseiro.
Afirma que o investimento inicial é maior, mas argumenta que a receita
compensaria. O investimento a mais para adquirir um ônibus completo
chega a R$ 100 mil, calcula o consultor.
Oliveira diz que também os motoristas e cobradores ganhariam em
qualidade no trabalho. “No Brasil, ainda usamos um chassis de caminhão
adaptado para ônibus. Caixa de câmbio manual obriga os motoristas,
dependendo da jornada de trabalho, a fazer mais de quatro mil trocas de
marchas.”
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros
do Estado do Ceará (Sindiônibus-CE), Dimas Barreira, afirma que os
ônibus automáticos se mostram ineficientes em sistemas de transporte sem
prioridade de tráfego – como o caso de Fortaleza.
“Ônibus maiores são objeto de análise dos nossos estudos. São opções
interessantes nos corredores de maior intensidade e linhas que começam a
apresentar intervalo curto (inferiores a 5 minutos), quando aumentar a
frota somente já não é mais a solução indicada”, defende Dimas.
Fonte: jornal O Povo (Reportagem Andreh Jonathas)
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