sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Subsídio é apontado como uma das saídas para melhorar qualidade do transporte público em Fortaleza

“Eu pagaria até o dobro da passagem, se tivesse um transporte de qualidade, sem demora, sem superlotação”, comentou o internauta Daniel Soares, no O POVO Online. Joseton Santos questionou: “Por que não colocam a obrigatoriedade de ônibus com ar-condicionado? Não querem que a população deixe seu carro em casa e ande de transporte público?”
As queixas dos passageiros de transporte público urbano em Fortaleza são recorrentes, afinal, via de regra, os ônibus não satisfazem suas exigências. O diretor técnico da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), André Dantas, admite que a oferta de coletivos com mais qualidade atrairia novos usuários. No entanto, afirma que investimentos maiores exigem subsídios – recursos financeiros diretos – dos entes públicos.
“O problema do Brasil é que esse investimento é sempre feito com base nos recursos coletados da tarifa, enquanto, no mundo todo, os subsídios para o serviços essenciais são de 60% a 70% bancados pelo governo. Aqui no Brasil, quem paga é o usuário, não é a sociedade como um todo”, argumenta Dantas.
O diretor da NTU vai além e cobra desoneração total do setor de transporte urbano. “Cerca de 30% da tarifa é imposto em cadeia, desde o pneu até o salário dos motoristas.”

Cerca de 61% da população brasileira usa o transporte público; 42% o utiliza como a mais recorrente forma de deslocamento de casa à escola ou ao trabalho. O ônibus é o principal meio de transporte para 34% das pessoas no País, seguido da caminhada (24%). Somente 16% têm como principal forma de locomoção o automóvel. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em agosto 2011.
O consultor da área de transporte de passageiros e carga, Mauri Moreira de Oliveira, afirma que as empresas deveriam investir em ônibus com câmbio automático, ar-condicionado, suspensão a ar e motor traseiro. Afirma que o investimento inicial é maior, mas argumenta que a receita compensaria. O investimento a mais para adquirir um ônibus completo chega a R$ 100 mil, calcula o consultor.
Oliveira diz que também os motoristas e cobradores ganhariam em qualidade no trabalho. “No Brasil, ainda usamos um chassis de caminhão adaptado para ônibus. Caixa de câmbio manual obriga os motoristas, dependendo da jornada de trabalho, a fazer mais de quatro mil trocas de marchas.”
O presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus-CE), Dimas Barreira, afirma que os ônibus automáticos se mostram ineficientes em sistemas de transporte sem prioridade de tráfego – como o caso de Fortaleza.
“Ônibus maiores são objeto de análise dos nossos estudos. São opções interessantes nos corredores de maior intensidade e linhas que começam a apresentar intervalo curto (inferiores a 5 minutos), quando aumentar a frota somente já não é mais a solução indicada”, defende Dimas.
Fonte: jornal O Povo (Reportagem Andreh Jonathas)
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