
Após
esperar 6h por atendimento, Márcia Castelo foi surpreendida ao receber
prescrição de medicamentos em um papel reutilizado FOTO: VIVIANE
PINHEIRO
“É um absurdo receber receituário feito em um papel de borrão dobrado em quatro pedaços. Isso é um desrespeito com a população e também para os médicos, que precisam se submeter a essas péssimas condições de trabalho em Fortaleza”, desabafa.
Reclamações
Conforme José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), a falta de papel timbrado para receituários não é novidade. Segundo ele, a carência em alguns postos de saúde é tão grande que a falta de papel para prescrever medicamentos se tornou algo rotineiro. Ele destaca que essa é uma reclamação feita há anos por médicos da Capital e repassada para a Secretaria Municipal de Saúde.
“Os profissionais reclamam e repassamos para o órgão responsável, mas eles não resolvem o problema. Diante disso, os médicos precisam se submeter a fazer a prescrição em qualquer papel”. Ele explica que o receituário deve ter carimbos com o nome e CRM do profissional e endereço e nome do centro de saúde.
Para o secretário geral do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará (Cremec), Lino Antônio Cavalcanti Holanda, apesar da prática não ser ilegal, apenas em casos de medicamentos que não são controlados, a situação é constrangedora para o médico e paciente. Segundo ele, a alternativa do Cremec é encaminhar a denúncia para a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública do Ministério Público Estadual.
“Se pudéssemos impedir que os médicos trabalhassem em estabelecimentos como esses, faríamos. Mas, como não podemos, o jeito é apelar para que o Ministério Público resolva juntamente com a Secretaria de Saúde o problema com urgência”.
A Secretaria Executiva Regional (SER) VI informa que a falta de receituários no Centro de Saúde da Família César Cals de Oliveira já foi resolvido e o material para prescrição de receita simples e azul já se encontra à disposição. Conforme o órgão, a coordenação do posto explicou que a utilização de borrão foi apenas um paliativo para não prejudicar o atendimento da paciente, evitando que ela saísse do consultório sem a receita médica.
A Secretaria afirma que a pomada Fluconazol prescrita para a dona de casa não faz parte da lista dos 153 medicamentos ofertados pela rede de atenção básica. O remédio é oferecido em comprimido, basta o posto fazer a solicitação ao órgão. Sobre a falta de receituários em outras unidades, o órgão diz não ter recebido nenhuma demanda.
Fonte: jornal Diário do Nordeste (Reportagem Karla Camila)
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