De repente, o trânsito para, o semáforo abre e nada
dos carros se moverem. Minutos depois, você descobre que o motivo para o
enorme congestionamento é uma colisão entre dois veículos. Essa cena já
virou rotina em Fortaleza. Afinal, os acidentes envolvendo, colisões, abalroamentos, atropelamentos, capotamento e engavetamento, aumentaram 55% nos últimos cinco anos.
Segundo a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de
Cidadania de Fortaleza (AMC), em 2007, foram registrados 7.526
acidentes, já no ano passado, o órgão contabilizou 11.691.
Em 2011, os abalroamentos e colisões somados totalizaram 10.968, o que representa 93% do total de acidentes ocorridos na Capital.
Conforme a AMC, entre os dez cruzamentos com maior número de acidentes
no ano passado, estão no topo do ranking a Avenida Governador Raul
Barbosa com Rua Capitão Aragão e Avenida General Murilo Borges, com um
total de 96, e a Avenida Bezerra de Menezes com Rua Eretides Martins e
Dom Lino, com 66 acidentes.
O professor André Bezerra confessa sentir na pele essa realidade,
pois já se envolveu em três colisões nos últimos três anos, segundo ele,
todos por imprudência do outro condutor. Para André, as
colisões já viraram algo comum na Capital e o que antes era visto apenas
algumas vezes na semana passou a ser presenciado várias vezes ao dia. “Acho que, no trânsito de Fortaleza, falta educação e sobra imprudência. Além disso, o aumento da frota de veículos aliado à falta de estrutura agravam a situação“, avalia.
A engenheira civil, doutora na área de engenharia de transportes e
professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Nadja Dutra destaca
que outro aspecto que vem colaborando para o aumento dos acidentes é a falta de fiscalização da lei de uso e ocupação do solo, criada em 1997. “O surgimento de comércio e outros equipamentos em áreas de grande fluxo, os estacionamentos irregulares e a falta de um sistema viário de fácil acesso reflete diretamente no trânsito“, diz.
Ainda de acordo com ela, uma saída para amenizar o caos instalado na cidade é a criação de alternativas sustentáveis, como a construção de ciclovias, calçadas mais largas e um transporte público de boa qualidade. “A AMC está tratando de apagar incêndios que acontecem diariamente na Capital, mas o problema é muito mais amplo e vai além da fiscalização. Só um planejamento urbano adequado pode amenizar o problema“.
Causas
O presidente da AMC, Fernando Bezerra, afirma que o aumento dos
acidentes é compatível com o crescimento da frota de veículos na
Capital. Porém, aponta como principal causador das colisões e
abalroamentos a desobediência do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
pelos motoristas fortalezenses.
Outro agravante, segundo ele, é que, após a colisão, os condutores
insistem em deixar os veículos parados em plena via, o que provoca os
grandes congestionamentos. Entretanto, essa atitude é ilegal e o
motorista que descumprir a medida pode ser multado e ter o carro
apreendido. “Quando só ocorrer danos materiais após a colisão, o
procedimento legal é retirar imediatamente os veículos da via. Em caso
de feridos, o recomendado é aguardar por socorro”, diz.
Em Fortaleza, o motorista tem a disponibilidade de quatro carros do
Juizado Móvel, que pode resolver no local os conflitos e firmar acordos
entre as partes. Segundo dados do órgão, o serviço, que foi criado em
1996, apresentou um aumento no número de atendimentos de 111% nos
últimos 15 anos. Para se ter uma ideia, em 1997, a unidade registrou
3.219 atendimentos. No ano passado, foram 6.818.
O juiz Mário Parente, titular da unidade, ressalta que o Juizado
Móvel chega a atender 700 ocorrências por mês. Contudo, o magistrado
afirma que, apesar da demanda, as quatro unidades fazem um atendimento
razoável. Diz ainda que cerca de 85% dos casos são resolvidos no local,
evitando, assim, as audiências de instrução e julgamento.
Fonte: jornal Diário do Nordeste (Reportagem Karla Camila)
Nenhum comentário:
Postar um comentário