domingo, 22 de abril de 2012

Sucateamento das ambulâncias do SAMU resulta em espera de três horas - 03.04.2012

Sucateamento das ambulâncias do SAMU resulta em espera de três horas

O marido de Maria de Lurdes mostra os exames da esposa, que não sentia as pernas FOTO: FABIANE DE PAULA
Sem sentir as pernas, debaixo de chuva e no meio da rua, a auxiliar de serviços gerais Maria de Lurdes Matias, 25, esperou cerca de três horas até a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O acidente aconteceu às 8h de ontem, no bairro Dionísio Torres, e a ambulância só chegou às 11h. O vigilante noturno Ronaldo Marques, 30, pilotava a moto com sua esposa na garupa. Os dois seguiam para o trabalho dela pela Rua Padre Valdevino. Ao passar no cruzamento com a Rua Visconde de Mauá, foram atingidos por um Corsa preto, que avançou a preferencial e evadiu-se do local. A placa do carro foi anotada por testemunhas.
Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) organizaram o trânsito e fizeram o desvio dos carros que trafegavam pela Padre Valdevino, entretanto, o casal continuou esperando por socorro. Foram mais de cinco ligações até a ambulância do Samu chegar e prestar os primeiros atendimentos. Em seguida, o trânsito na região foi liberado.

De acordo com a assessoria de imprensa do Samu, a ambulância foi enviada duas vezes ao local, contudo, no percurso, os enfermeiros encontraram acidentes com feridos graves e precisaram parar para socorrê-los.
Em outubro de 2011, o Diário do Nordeste mostrou o caso da ciclista Darleide Nascimento, que foi atropelada por um carro quando trafegava no cruzamento das ruas Joaquim Nabuco com Dom Expedito Lopes. Ela esperou atendimento por uma hora. O médico e coordenador de urgência e emergência da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Alex Mont´Alverne, passava pelo local no momento do acidente, socorreu a vítima e presenciou a demora.
Um funcionário do Samu, que prefere não se identificar, garante: o problema é antigo e resultado do sucateamento da frota de ambulâncias.
Por ser um automóvel utilizado 24h por dia e conduzido por diversos motoristas, precisa de revisões preventivas constantes. “Como isso não acontece, o carro dá prego e demora no mecânico. Isso se agrava lá na frente, com a falta de carros”, explica.
De acordo com o mesmo funcionário, Fortaleza precisa ter 18 unidades móveis básicas e quatro avançadas. Porém, na última sexta-feira (30), apenas cinco estavam à disposição. Socorristas ainda alegam que a falta de materiais, como o colar cervical, também atrapalha.
De acordo com o diretor clínico do Samu, Messias Simões, o órgão recebe, em média, três mil ligações por dia. Dessas, 20 são ocorrências graves, em que o paciente corre risco de morte. Segundo ele, os casos graves são atendidos em uma média de 20 minutos e os não graves, em 40 minutos, mas afirma que as equipes podem ter dificuldades de deslocamento, como o trânsito.
Sobre o caso de Maria de Lurdes, Simões informou que a equipe demorou duas horas para chegar ao local, tendo recebido o chamado às 8h57 e chegado às 10h37. Ainda conforme Simões, nove carros novos são esperados para reposição pelo Ministério da Saúde e um sistema de rastreamento dos georeferenciamentos será implantado nas ambulâncias ainda neste semestre, permitindo, a visualização da melhor trajetória.
Após fazer exames, Lurdes foi liberada pelos médicos. Ela não teve nenhum ferimento grave e passa bem.
Fonte: jornal Diário do Nordeste (Reportagem Adriana Rodrigues)

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